30.4.08




















A THING OF BEAUTY IS A JOY FOREVER [Keats]
There is no place like home
Russell Lee, Chicago, 1941

29.4.08





























PARANGOLÉ de Hélio Oiticica, 1972
uma escultura que se habita

28.4.08





















Não há uma receita para a criatividade e desenhar figurinos também não obedece a um conjunto rígido de regras, a não ser o respeito pelo trabalho em colectivo.
Cada espectáculo pressupõe um processo artístico especial e uma metodologia apropriada. Tratando-se de uma companhia de reportório, o texto é o ponto de partida. O processo inicia-se com algumas linhas dramatúrgicas que o encenador ou o núcleo de criativos responsáveis pelo espectáculo propõem.
Fazem-se segundas leituras do texto, direccionadas para aspectos concretos que se querem desenvolver e iniciamos uma pesquisa iconográfica, que corresponde a uma recolha de elementos visuais que funcionem como estímulo, que clarifiquem o texto, ou que esclareçam o tempo histórico da acção.
Os ensaios começam e, nesta primeira fase, há algum "trabalho de mesa" — análise aprofundada e discussão do texto, bem como o estabelecimento de alguns pressupostos que servirão como ponto de partida para o trabalho do actor.
Começamos a fazer os primeiros esboços, assistindo aos ensaios. É a experiência, desenvolvida pelos actores no espaço, que condiciona todo o trabalho e que vai testando e afinando as coordenadas estabelecidas para o espectáculo. Por isso, é fundamental discutir a própria concepção de figurinos, não só com o encenador, mas também com os actores, o cenógrafo e o desenhador de luz.
Antes de passar à fase da execução, é importante fazer um orçamento. Os recursos disponíveis são muito limitados, por isso, após uma fase inicial de grande liberdade, há que adequar o devaneio ao que se pode construir de facto.
Fazem-se fichas dos actores, com as suas medidas e algumas características relevantes para o trabalho, compram-se materiais e iniciam-se contactos com a costureira e o alfaiate aos quais temos de entregar também desenhos técnicos, que esclareçam pormenores.
O desenho inicial vai-se ajustando ao próprio jogo do actor e à relação com os outros signos do espectáculo. O figurino é um prolongamento do seu corpo, por isso deve ajudá-lo na sua prática, sem condicionalismos. É uma espécie de fato-objecto-casa, que pode ser manipulado e habitado.
Raramente a concepção é cumprida com rigor absoluto e um figurino chega a uma estreia tal como foi desenhado. Há sempre um longo processo de adaptabilidade ao corpo do actor e ao todo que é o espectáculo. É necessário convencer os actores a fazerem muitas provas e há sempre correcções a fazer, até que tudo se ajuste.
Também é necessário fazer cedências e deixar que um figurino seja menos imponente, ou menos belo, para poder ser mais eficaz no espectáculo. Neste jogo de múltiplas forças, a luz é um factor de equilíbrio determinante. Pode transfigurar, completamente, um figurino, dar-lhe força, ou ignorá-lo em absoluto.

27.4.08






























[…] árvores apagando os dias que a memória
ávidamente esconde […]

Árvores, excerto, Gastão Cruz

26.4.08

Construimos uma imagem demasiado romântica de uma revolução e talvez seja por isso que os jovens do nosso presidente não a levam muito a sério, nem percebem bem o que mudou, verdadeiramente.
As metáforas e as canções são tantas, que se dilui o horror da guerra colonial, o dos presos políticos, o do atraso cultural e vários outros horrores que construiam o cinzento quotidiano dos portugueses.
Confesso que a imagem do menino com o cravo vermelho irá sempre emocionar-me. Talvez, daqui a uns anos, me comporte como o meu avô que, pela vida fora, continuava a dar os seus "vivas" pela república, mas, para já, não façamos da revolução de Abril uma "pink light revolution".

Temos de, ou temos que? (ir)


MEREDITH MONK & VOCAL ENSEMBLE
Lisboa 26Abril
Torres Vedras 30Abril
Portalegre 1Maio)

LUIZ TATIT
Culturgest 7Maio

JOHN CALE Acoustimatic Band
Casa das Artes / Famalicão 16Maio
Centro de Artes do Espectáculo / Portalegre 17Maio

PINA BAUSCH (um festival entre o Centro Cultural de Belém e o Teatro Municipal São Luiz

Centro Cultural de Belém
Nefés
Uma peça de Pina Bausch - Companhia Tanztheater Wuppertal
Dias 2 e 3 de Maio às 21h30

Masurca Fogo
Uma peça de Pina Bausch - Tanztheater Wuppertal
Dias 7, 8 e 9 de Maio às 21h00

Teatro Municipal São Luiz

Café Müller
Uma peça de Pina Bausch - Companhia Tanztheater Wuppertal
Dias 4 e 5 de Maio às 21h00
Dias 8 e 9 de Maio às 18h00
Sala Principal

O Lamento da Imperatriz
Um filme de Pina Bausch, comentado por José Sasportes
Dia 4 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno

Lissabon - Wuppertal - Lisboa
Um filme de Fernando Lopes, comentado por Fernando Lopes, Maria João Seixas e António Mega Ferreira
Dia 6 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno

A Sagração da Primavera
Um filme de Pina Bausch, comentado por Olga Roriz e Rui Horta
Dia 7 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno

Conversa com Dominique Mercy, Nazareth Panadero e Luísa Taveira
Dia 5 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno

Peter Pabst - 28 Anos de Cenários para Pina
Dia 8 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno

Pina Bausch e Pedro Almodóvar
(a confirmar)
Dia 9 de Maio às 24h00
Sala Principal

24.4.08












money makes the world
go around
the world go around
the world go around
money money money
money money money money

22.4.08








Ciclo de conversas no lançamento dos novos cursos de
DESIGN E MULTIMÉDIA da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra,
em Abril e Maio.

José António Bandeirinha, João Bicker, Nuno Porto > 24 Abril
Miguel Rios, Paulo Carvalho, António Olaio > 29 Abril
Nuno Coelho, Alice Geirinhas > 6 de Maio
Miguel Soares, Ernesto Costa > 13 de Maio
André Rangel, Pedro Pousada > 20 de Maio
Artur Rebelo, Lizá Ramalho, A. Dias Figueiredo > 27 de Maio
[…] Julgo que há uma característica inescapável, o facto de sermos uma geração do pós-25 de Abril. Sermos filhos dos fazedores da revolução e termos nascido em democracia e liberdade. Algo que os nossos pais têm dificuldade em perceber — como é que nós não valorizamos isso? Claro que há aqui um problema cultural e de memória histórica, mas também temos de compreender a cabeça das pessoas que nasceram no pós-25 de Abril. Quando comecei a escrever sobre esta "décalage" entre pais e filhos, pensei: como é que posso abordar isto literariamente? A história da literatura e do teatro está cheia de conflitos entre pais e filhos […] Apetecia-me escrever uma peça entre pais e filhos do meu tempo e, à medida que fui abordando o tema, comecei a perceber que não tinha conflito com os meus pais, como tiveram outras gerações. O pai, por definição é o inimigo, o alvo a abater […] uma referência em conflito, aquela que temos de substituir. Julgo que já não temos isso. Temos um pai que é um exemplo, porque fez a democracia. […] Há uma espécie de orfandade na minha geração. Parece que temos de partir do nada. […]

[…] Há uma coisa que os actores do teatro Praga costumam dizer: "Nós só fazemos teatro porque os nossos pais têm dinheiro." Eu também só pude escrever e arriscar isto porque "tinha as costas quentes"… Esta casa não é minha, não fui eu que a comprei. Nesse aspecto, somos privilegiados, e portanto não posso acusar os meus pais. Nitidamente a classe artística da minha geração vive à custa dos pais. Ou então vai fazer telenovelas. […]

José Maria Vieira Mendes, excertos de entrevista, Notícias Magazine, 13/4/08

21.4.08












Parabéns ao actor e encenador Luís Miguel Cintra, que venceu o Prémio da Latinidade, pelo seu "extraordinário contributo para a arte teatral em Portugal" e pela importante "acção de divulgação de grandes obras de autores clássicos e contemporâneos", experiências que considera indissociáveis da sua vivência em companhia, no Teatro da Cornucópia, que dirige, com Cristina Reis, e que fundou, em 1973, com Jorge Silva Melo.

17.4.08

A presença do público e o espectáculo ganha uma nova dinâmica.
É o fabuloso milagre das estreias!

10.4.08

Obrigatório ver ESTE PAÍS NÃO É PARA VELHOS de Joel e Ethan Coen, mesmo que tenhamos de fechar os olhos algumas vezes.
Tommy Lee Jones, Javier Bardem (sem o seu sorriso maravilhoso) e Josh Brolin em composições fantásticas.
Por um desvio semântico qualquer, que os filólogos ainda não estudaram, passámos a chamar manhã à infância das aves. De facto envelhecem quando a tarde cai e é por isso que ao anoitecer as árvores nos surgem tão carregadas de tempo.


Fruto, Carlos de Oliveira, in Sobre o Lado Esquerdo

6.4.08

















Bonecos & Farelos
A Escola da Noite
a partir de Quem Tem Farelos? de Gil Vicente
com encenação de António Jorge
estreia a 17 de Abril na Oficina Municipal do Teatro
"Ah", disse o rato, "o mundo cada dia fica mais apertado. A princípio era tão grande que até metia medo, depois continuei a andar e ao longe já se viam os muros à esquerda e à direita, e agora — e não passou assim tanto tempo desde que eu comecei a andar — estou no quarto que me foi destinado e naquele canto já está a armadilha em que vou cair." "Tens de inverter o sentido de marcha", disse o gato, e comeu-o.

Pequena Fábula, Franz Kafka, in Parábolas e Fragmentos
tradução de João Barrento

5.4.08
























"Preto! Branco! Cinzento, às vezes…"


amigosdacultura2008.blogspot.com