30.4.08
28.4.08
Não há uma receita para a criatividade e desenhar figurinos também não obedece a um conjunto rígido de regras, a não ser o respeito pelo trabalho em colectivo.
Cada espectáculo pressupõe um processo artístico especial e uma metodologia apropriada. Tratando-se de uma companhia de reportório, o texto é o ponto de partida. O processo inicia-se com algumas linhas dramatúrgicas que o encenador ou o núcleo de criativos responsáveis pelo espectáculo propõem.
Fazem-se segundas leituras do texto, direccionadas para aspectos concretos que se querem desenvolver e iniciamos uma pesquisa iconográfica, que corresponde a uma recolha de elementos visuais que funcionem como estímulo, que clarifiquem o texto, ou que esclareçam o tempo histórico da acção.
Os ensaios começam e, nesta primeira fase, há algum "trabalho de mesa" — análise aprofundada e discussão do texto, bem como o estabelecimento de alguns pressupostos que servirão como ponto de partida para o trabalho do actor.
Começamos a fazer os primeiros esboços, assistindo aos ensaios. É a experiência, desenvolvida pelos actores no espaço, que condiciona todo o trabalho e que vai testando e afinando as coordenadas estabelecidas para o espectáculo. Por isso, é fundamental discutir a própria concepção de figurinos, não só com o encenador, mas também com os actores, o cenógrafo e o desenhador de luz.
Antes de passar à fase da execução, é importante fazer um orçamento. Os recursos disponíveis são muito limitados, por isso, após uma fase inicial de grande liberdade, há que adequar o devaneio ao que se pode construir de facto.
Fazem-se fichas dos actores, com as suas medidas e algumas características relevantes para o trabalho, compram-se materiais e iniciam-se contactos com a costureira e o alfaiate aos quais temos de entregar também desenhos técnicos, que esclareçam pormenores.
O desenho inicial vai-se ajustando ao próprio jogo do actor e à relação com os outros signos do espectáculo. O figurino é um prolongamento do seu corpo, por isso deve ajudá-lo na sua prática, sem condicionalismos. É uma espécie de fato-objecto-casa, que pode ser manipulado e habitado.
Raramente a concepção é cumprida com rigor absoluto e um figurino chega a uma estreia tal como foi desenhado. Há sempre um longo processo de adaptabilidade ao corpo do actor e ao todo que é o espectáculo. É necessário convencer os actores a fazerem muitas provas e há sempre correcções a fazer, até que tudo se ajuste.
Também é necessário fazer cedências e deixar que um figurino seja menos imponente, ou menos belo, para poder ser mais eficaz no espectáculo. Neste jogo de múltiplas forças, a luz é um factor de equilíbrio determinante. Pode transfigurar, completamente, um figurino, dar-lhe força, ou ignorá-lo em absoluto.
26.4.08
Construimos uma imagem demasiado romântica de uma revolução e talvez seja por isso que os jovens do nosso presidente não a levam muito a sério, nem percebem bem o que mudou, verdadeiramente.
As metáforas e as canções são tantas, que se dilui o horror da guerra colonial, o dos presos políticos, o do atraso cultural e vários outros horrores que construiam o cinzento quotidiano dos portugueses.
Confesso que a imagem do menino com o cravo vermelho irá sempre emocionar-me. Talvez, daqui a uns anos, me comporte como o meu avô que, pela vida fora, continuava a dar os seus "vivas" pela república, mas, para já, não façamos da revolução de Abril uma "pink light revolution".
As metáforas e as canções são tantas, que se dilui o horror da guerra colonial, o dos presos políticos, o do atraso cultural e vários outros horrores que construiam o cinzento quotidiano dos portugueses.
Confesso que a imagem do menino com o cravo vermelho irá sempre emocionar-me. Talvez, daqui a uns anos, me comporte como o meu avô que, pela vida fora, continuava a dar os seus "vivas" pela república, mas, para já, não façamos da revolução de Abril uma "pink light revolution".
Temos de, ou temos que? (ir)
—
MEREDITH MONK & VOCAL ENSEMBLE
Lisboa 26Abril
Torres Vedras 30Abril
Portalegre 1Maio)
—
LUIZ TATIT
Culturgest 7Maio
—
JOHN CALE Acoustimatic Band
Casa das Artes / Famalicão 16Maio
Centro de Artes do Espectáculo / Portalegre 17Maio
—
PINA BAUSCH (um festival entre o Centro Cultural de Belém e o Teatro Municipal São Luiz
Centro Cultural de Belém
Nefés
Uma peça de Pina Bausch - Companhia Tanztheater Wuppertal
Dias 2 e 3 de Maio às 21h30
Masurca Fogo
Uma peça de Pina Bausch - Tanztheater Wuppertal
Dias 7, 8 e 9 de Maio às 21h00
Teatro Municipal São Luiz
Café Müller
Uma peça de Pina Bausch - Companhia Tanztheater Wuppertal
Dias 4 e 5 de Maio às 21h00
Dias 8 e 9 de Maio às 18h00
Sala Principal
O Lamento da Imperatriz
Um filme de Pina Bausch, comentado por José Sasportes
Dia 4 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno
Lissabon - Wuppertal - Lisboa
Um filme de Fernando Lopes, comentado por Fernando Lopes, Maria João Seixas e António Mega Ferreira
Dia 6 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno
A Sagração da Primavera
Um filme de Pina Bausch, comentado por Olga Roriz e Rui Horta
Dia 7 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno
Conversa com Dominique Mercy, Nazareth Panadero e Luísa Taveira
Dia 5 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno
Peter Pabst - 28 Anos de Cenários para Pina
Dia 8 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno
Pina Bausch e Pedro Almodóvar
(a confirmar)
Dia 9 de Maio às 24h00
Sala Principal
MEREDITH MONK & VOCAL ENSEMBLE
Lisboa 26Abril
Torres Vedras 30Abril
Portalegre 1Maio)
—
LUIZ TATIT
Culturgest 7Maio
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JOHN CALE Acoustimatic Band
Casa das Artes / Famalicão 16Maio
Centro de Artes do Espectáculo / Portalegre 17Maio
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PINA BAUSCH (um festival entre o Centro Cultural de Belém e o Teatro Municipal São Luiz
Centro Cultural de Belém
Nefés
Uma peça de Pina Bausch - Companhia Tanztheater Wuppertal
Dias 2 e 3 de Maio às 21h30
Masurca Fogo
Uma peça de Pina Bausch - Tanztheater Wuppertal
Dias 7, 8 e 9 de Maio às 21h00
Teatro Municipal São Luiz
Café Müller
Uma peça de Pina Bausch - Companhia Tanztheater Wuppertal
Dias 4 e 5 de Maio às 21h00
Dias 8 e 9 de Maio às 18h00
Sala Principal
O Lamento da Imperatriz
Um filme de Pina Bausch, comentado por José Sasportes
Dia 4 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno
Lissabon - Wuppertal - Lisboa
Um filme de Fernando Lopes, comentado por Fernando Lopes, Maria João Seixas e António Mega Ferreira
Dia 6 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno
A Sagração da Primavera
Um filme de Pina Bausch, comentado por Olga Roriz e Rui Horta
Dia 7 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno
Conversa com Dominique Mercy, Nazareth Panadero e Luísa Taveira
Dia 5 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno
Peter Pabst - 28 Anos de Cenários para Pina
Dia 8 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno
Pina Bausch e Pedro Almodóvar
(a confirmar)
Dia 9 de Maio às 24h00
Sala Principal
24.4.08
23.4.08
22.4.08
Ciclo de conversas no lançamento dos novos cursos de
DESIGN E MULTIMÉDIA da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra,
em Abril e Maio.
José António Bandeirinha, João Bicker, Nuno Porto > 24 Abril
Miguel Rios, Paulo Carvalho, António Olaio > 29 Abril
Nuno Coelho, Alice Geirinhas > 6 de Maio
Miguel Soares, Ernesto Costa > 13 de Maio
André Rangel, Pedro Pousada > 20 de Maio
Artur Rebelo, Lizá Ramalho, A. Dias Figueiredo > 27 de Maio
[…] Julgo que há uma característica inescapável, o facto de sermos uma geração do pós-25 de Abril. Sermos filhos dos fazedores da revolução e termos nascido em democracia e liberdade. Algo que os nossos pais têm dificuldade em perceber — como é que nós não valorizamos isso? Claro que há aqui um problema cultural e de memória histórica, mas também temos de compreender a cabeça das pessoas que nasceram no pós-25 de Abril. Quando comecei a escrever sobre esta "décalage" entre pais e filhos, pensei: como é que posso abordar isto literariamente? A história da literatura e do teatro está cheia de conflitos entre pais e filhos […] Apetecia-me escrever uma peça entre pais e filhos do meu tempo e, à medida que fui abordando o tema, comecei a perceber que não tinha conflito com os meus pais, como tiveram outras gerações. O pai, por definição é o inimigo, o alvo a abater […] uma referência em conflito, aquela que temos de substituir. Julgo que já não temos isso. Temos um pai que é um exemplo, porque fez a democracia. […] Há uma espécie de orfandade na minha geração. Parece que temos de partir do nada. […]
[…] Há uma coisa que os actores do teatro Praga costumam dizer: "Nós só fazemos teatro porque os nossos pais têm dinheiro." Eu também só pude escrever e arriscar isto porque "tinha as costas quentes"… Esta casa não é minha, não fui eu que a comprei. Nesse aspecto, somos privilegiados, e portanto não posso acusar os meus pais. Nitidamente a classe artística da minha geração vive à custa dos pais. Ou então vai fazer telenovelas. […]
José Maria Vieira Mendes, excertos de entrevista, Notícias Magazine, 13/4/08
[…] Há uma coisa que os actores do teatro Praga costumam dizer: "Nós só fazemos teatro porque os nossos pais têm dinheiro." Eu também só pude escrever e arriscar isto porque "tinha as costas quentes"… Esta casa não é minha, não fui eu que a comprei. Nesse aspecto, somos privilegiados, e portanto não posso acusar os meus pais. Nitidamente a classe artística da minha geração vive à custa dos pais. Ou então vai fazer telenovelas. […]
José Maria Vieira Mendes, excertos de entrevista, Notícias Magazine, 13/4/08
21.4.08
Parabéns ao actor e encenador Luís Miguel Cintra, que venceu o Prémio da Latinidade, pelo seu "extraordinário contributo para a arte teatral em Portugal" e pela importante "acção de divulgação de grandes obras de autores clássicos e contemporâneos", experiências que considera indissociáveis da sua vivência em companhia, no Teatro da Cornucópia, que dirige, com Cristina Reis, e que fundou, em 1973, com Jorge Silva Melo.
19.4.08
17.4.08
10.4.08
6.4.08
"Ah", disse o rato, "o mundo cada dia fica mais apertado. A princípio era tão grande que até metia medo, depois continuei a andar e ao longe já se viam os muros à esquerda e à direita, e agora — e não passou assim tanto tempo desde que eu comecei a andar — estou no quarto que me foi destinado e naquele canto já está a armadilha em que vou cair." "Tens de inverter o sentido de marcha", disse o gato, e comeu-o.
Pequena Fábula, Franz Kafka, in Parábolas e Fragmentos
tradução de João Barrento
Pequena Fábula, Franz Kafka, in Parábolas e Fragmentos
tradução de João Barrento
5.4.08
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